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Foto do escritorLidice Meyer

Um convite de aniversário e as mulheres no Novo Testamento

Um achado arqueológico exposto no Museu Britânico mostra que as mulheres podiam ter acesso à educação formal durante o domínio Romano no século 1. Trata-se de um convite de aniversário escrito por uma mulher chamada Claudia Severa, esposa do comandante romano Aelius Brocchus. No texto Cláudia convida sua amiga Sulpicia Lepidina, esposa do comandante Flavius ​​Cerialis, para sua festa de aniversário. O texto inicialmente é mais formal: “Claudia Severa para sua Lepidina, saudações. No terceiro dia antes dos Idos de setembro, irmã, para o dia da celebração do meu aniversário, eu te faço um caloroso convite para garantir que você venha até nós, para tornar o dia mais agradável para mim com sua chegada, se você estiver presente. Dê minhas saudações ao seu marido, [Flavius] Cerialis. Meu [marido] Aelius [Brocchus] e meu filhinho enviam suas saudações." Finalizando, Cláudia assina o convite, escrevendo com a própria mão: “Espero você, irmã. Adeus, irmã, minha querida alma, pois espero prosperar e saudar”.

Datado por volta de 100 d.C., este é o exemplo mais antigo de caligrafia de uma mulher em qualquer lugar do Império Romano. Embora o senso comum muitas vezes preserve e falsa noção de que as mulheres eram dependentes social, economicamente e culturalmente dos homens no mundo romano, a historiografia e a arqueologia têm mostrado uma imagem oposta. Mulheres de classe social mais elevada frequentemente ocupavam posições sociais proeminentes e eram educadas para ler, escrever e aprender filosofia. Não se esperava que as mulheres discursassem publicamente, porém estas podiam ter ampla influência política e social por poder econômico ou pelas relações familiares. Algumas mulheres possuíam propriedades e escravos, negócios próprios e eram responsáveis ​​por grandes somas de dinheiro.

Este era o universo de muitas das mulheres que seguiram a Jesus e fizeram parte da Igreja Primitiva, como Maria Madalena, Joana (esposa de Cuza, administrador de Herodes) e Suzana, que com suas próprias posses sustentaram Jesus e os doze (Lc 8.2-3). Algumas destas mulheres possuíam grandes propriedades que permitiram a hospedagem de Jesus e mais de 70 discípulos (homens e mulheres) como Marta de Betânia (Lc 10.38). Não podemos esquecer que a Igreja em Jerusalém começou na casa de uma destas mulheres com posses, Maria (At 12.12), onde também se acredita que tenha acontecido a Última Ceia e o Pentecostes. Cristãs como elas foram responsáveis pelo crescimento da Igreja como as mulheres de negócio Lídia (At 16.14), Cloé (1 Co 1.11) e Priscila (At 18.2-3). Nas viagens missionárias de Paulo são diversos os relatos de mulheres de alta classe social que se convertiam em suas pregações (At 17.4,12) como a atensiense Dâmaris (At 17.34).

Quando percebemos que as mulheres podiam ter acesso à educação formal no Império Romano do século 1, entendemos melhor o importante papel de Priscila na formação teológica de Apolo (At 18.26) e como as mulheres de Beréia possuíam a capacidade de compreender criticamente as pregações de Paulo (At 17.11-12). Estas mulheres, em meio a tantas outras, fizeram a diferença na Igreja Primitiva. Uma prova de que Deus usa a quem quer, independente da classe social ou econômica, colocando-nos onde Ele quer para executarmos a Sua obra pelo Seu Reino.

Lidice Meyer



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